Memórias de Alexandre Queiroz
  • Início
  • Vida e Obra
  • Livro
  • Depoimentos
  • Blog
  • Contato
  • Home
  • / Escritos de AQ /
  • História de Santa Catarina
  • /
  • Jornais
  • /
  • 1976: o boicote nas Olímpíadas e a prisão de Gilberto Gil

1976: o boicote nas Olímpíadas e a prisão de Gilberto Gil

26/01/2017Escritos de AQ, História de Santa Catarina, Jornais

No ano de 1976, Alexandre Queiroz publicava semanalmente no jornal joaçabense Cruzeiro do Sul uma coluna comentando os acontecimentos do momento.

O post de hoje tem excertos de publicações suas do mês de julho daquele ano, os quais revelam fatos curiosos da história do Brasil e do mundo.

 

Jogos Olímpicos

Por não ter sido excluída a Nova Zelândia, que mantém relações esportivas com o regime de minoria branca da África do Sul*, 26 países africanos se retiraram dos Jogos Olímpicos que ora se realizam no Canadá, como protesto.

A ONU, pela seu Secretário Geral, Kurt Waldheim, solicitou, em vão, a volta dos países africanos, e o COI (Comitê Olímpico Internacional) estuda a possibilidade de puni-los.

Mas com que moral?

Deixando de punir o Canadá, país anfitrião, que, contrariando os Estatutos dos Jogos Olímpicos e os compromissos anteriormente assumidos com o COI, não permitiu que Formosa** participasse com o seu próprio nome, direito de escolha que somente compete ao próprio país e não a outrem – como é que pode o COI querer punir a conduta dos africanos, estejam ou não estes errados?

Com as pessoas e com as nações os princípios de moral – que não são formulados por nenhum poder constituído, mas pelo consenso universal – são os mesmos: quem não procede corretamente sofre, inapelavelmente, as consequências do mau procedimento.

Se o COI tivesse agido corretamente no caso de Formosa, poderia pensar em punir os africanos. Mas, se assim não fez, falta-lhe moral para tanto. E para isso temos certeza que não fará, por maior que seja a vontade e mesmo o direito de fazê-lo. A não ser que seja pela violência ou pelo direito da força.

*Nota do blog. Lê-se na Wikipedia: “Estes foram os primeiros Jogos marcados por um grande boicote. Lideradas pela República do Congo, 26 nações africanas, o Iraque e a Guiana se recusaram a participar deles, em protesto pelo COI não suspender a Nova Zelândia, que havia autorizado sua seleção nacional de rugby a excursionar pela África do Sul, que se encontrava suspensa da comunidade internacional por causa da política racista do Apartheid.” A justificativa do COI para tal – lemos em outro lugar – foi que o rugby não era um esporte olímpico, então não haveria motivos para suspender a participação da Nova Zelândia nos jogos.

**Nota do blog. Formosa é Taiwan, que desde 1945 tem estado sob o regime político da República da China. Parece que a questão, na realidade, foi bem além do nome: Canadá não admitiu a participação de Formosa como república independente para não se indispor com a poderosa China comunista.

 

Justiça Moderna

Ao leigo seria difícil explicar, e mais difícil ainda convencê-lo, de que nem toda lei é justa e de que nem toda justiça está contida dentro de uma lei. Lei e justiça não se confundem, como não se confundem direito e moral.

A recente decisão do juiz de Florianópolis, Dr. Ernani Palma Ribeiro, detendo o cantor Gilberto Gil por porte e uso de maconha, mas, por outro lado, permitindo que ele fosse cantar, sob custódia, no festival programado para aquela noite de sua prisão, pelo fundamento de não causar mal maior à sociedade, com a não realização do festival, é uma decisão que enobreceria qualquer juiz que a proferisse.

O juiz Palma Ribeiro teve a clarividência do estadista e não se apegou tacanhamente ao texto frio da lei, o que justifica que lhe mandemos daqui os nossos sinceros parabéns.

 

Guerra e paz

Dois alistados da Legião Estrangeira trocam impressões:

– Por que você se alistou?

– Porque sou solteiro e gosto de guerra. E você?

– Porque sou casado e gosto de paz…

 

Comments

Olga 27/01/2017 at 00:07 - Responder

Demais!!!! Que admiração pelo Alexandre Queiroz na sua faceta colunista-cronista!
Que clareza de pensamento, os conceitos de bom senso, moral, justiça… Muito bom!
E até piada AQ reproduziu- bem com jeito de Readers Digest!

Maria Tereza 29/01/2017 at 17:27 - Responder

É incrível conhecer agora – e somente agora – certas facetas do papai! Corroboro o que a Olga disse e fico grata pelo post, Du.

Write a Reply or Comment Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O livro

Para saber mais e para comprar o livro, clique aqui!

Últimos posts

  • O Conselheiro Vasconcellos – parte II
  • O Conselheiro Vasconcellos e a tradução do Digesto
  • Baile de debutante em 1966 (e uma pequena homenagem!)
  • Jaraguá do Sul: o município aos 5 anos

Categorias

  • Carreira política
  • Cartas
  • Escritos de AQ
  • Fotos
  • História da Bahia
  • História de Santa Catarina
  • Jornais
  • Lembranças de família
  • Os ascendentes
  • Os contemporâneos
  • Os filhos
  • Os primos
  • Terceira idade

Comentários

  • Murilo Galvão em O Marechal Inocêncio Galvão de Queiroz
  • Galeno José Galvão Mocitaiba em O Marechal Inocêncio Galvão de Queiroz
  • Felippe José Galvão de Queiroz Neto em O Marechal Inocêncio Galvão de Queiroz
  • Dario Galvão de Queiroz Neto em O Marechal Inocêncio Galvão de Queiroz
  • admin em O Marechal Inocêncio Galvão de Queiroz

Copyright Memórias de Alexandre Queiroz 2025 | Theme by Theme in Progress | Proudly powered by WordPress