O Marechal Inocêncio Galvão de Queiroz
O Marechal Inocêncio Galvão de Queiroz era tio-avô de Alexandre Queiroz. Em suas reminiscências, Alexandre costumava citá-lo como um de seus “parentes Ilustres”, ao lado do Conselheiro Zacarias de Goes e Vasconcelos, político de renome nacional do II Império, primeiro presidente da província do Paraná; de seu avô Aristides Galvão de Queiroz, doutor em Matemática pela Universidade de Coimbra; ou, ainda, de seu tio Antônio Bernardo Vasconcelos de Queiroz, médico e filósofo, um homem sábio que marcou sua geração.
À época da elaboração do livro “Memórias de Alexandre Queiroz”, ainda não tínhamos acesso à publicação de 1941 do Ministério da Guerra “Marechal Graduado Inocêncio Galvão de Queiroz – Dados biográficos 1841 – 1903”, escrita pelo coronel Laurenio Lago, lançada em comemoração ao centenário de nascimento do Marechal, de onde vem toda a informação deste artigo.
Inocêncio nasceu em 6 de agosto de 1841, em Valença, Bahia. Alistou-se no exército no dia 17 de abril de 1857, antes de completar 16 anos, portanto. Cursou as aulas das Escolas Central e Militar, recebendo os graus de bacharel em matemática e ciências físicas e de engenheiro civil.
Foi nomeado alferes aluno (antigo posto militar, logo abaixo de tenente) em 4 de junho de 1859, promovido a segundo-tenente em 2 de dezembro de 1861 e elevado a todos os postos até marechal graduado em 4 de outubro de 1902. Obteve as promoções de primeiro-tenente e capitão durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), em que começou fazendo parte da Comissão dos Engenheiros, e foi promovido por merecimento aos postos de major a coronel.
Durante a mencionada guerra, comandou diversos batalhões, tendo sucesso em muitas marchas e travessias. Numa delas, em julho de 1868, mesmo doente cumpriu seu dever, “sempre encorajando e animando com seu entusiasmo os soldados da companhia”; mas, tendo atravessado diversos banhados em vários pontos, foi-lhe necessário voltar carregado para o acampamento devido ao seu estado de saúde.
“Muitas vezes foi elogiado em ordem do dia do batalhão como exemplo entre aqueles que não se lembram do descanso senão depois de terem cumprido todos os seus deveres”, disse o coronel Conrado Maria da Silva Bittencourt, comandante do batalhão, atestando os serviços de Inocêncio, pronunciamento que terminou declarando que o julga “superior a qualquer elogio que lhe possa fazer”.
Como engenheiro Inocêncio trabalhou de 1871 a 1876 no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, destacando-se na comissão dos estudos de prolongamento da estrada de ferro da Bahia. Em 17 de abril de 1876 foi nomeado diretor das obras militares da província de Alagoas, havendo exercido interinamente, em 1884, o cargo de fiscal da estrada de ferro Central de Alagoas.
Em decreto de 13 de junho de 1888, D. Pedro II resolveu nomeá-lo comandante das armas da província do Amazonas, cargo de que foi exonerado cerca de um ano depois.
Trabalhou ainda na Escola Superior de Guerra e na Escola Militar do Ceará, e como diretor geral das obras militares da Bahia.
Chegou a ser nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, em decreto de 19 de setembro de 1894, pelo marechal Floriano Peixoto, mas não tomou posse do cargo por haver o Senado, em sessão secreta de 1º de outubro, negado aprovação à nomeação.
Em 1895, foi nomeado comandante de todas as forças em operações no Rio Grande do Sul, que passava pela chamada “Revolução Federalista”, guerra civil ocorrida no sul do Brasil que pretendia maior autonomia para os estados. O Marechal Inocêncio conseguiu apaziguar o conflito, o que culminou na assinatura de um protocolo de paz em 23 de agosto de 1895 na cidade de Pelotas. (Foi essa a revolução pacificada pelo Marechal Inocêncio e não a Revolução Farroupilha, como costumava dizer Alexandre e como consta no livro.)
Nos anos seguintes, foi eleito senador pelo estado da Bahia.
Sobre sua vida pessoal, casou-se com Josefina Amália do Carmo Galvão de Queiroz e teve dois filhos, Alexandre e Amália.
O Marechal Inocêncio faleceu em 12 de maio de 1903, na cidade de Salvador, tendo sido sepultado no cemitério da capela de Nossa Senhora do Desterro, distrito de Maricoaba, cidade de Valença, na Bahia.
Em sessão de 14 de maio daquele ano da Câmara dos Deputados, foi aprovado requerimento em que se pediu que fosse lançado em ata “um voto de sincero e profundo pesar pela morte no benemérito general (sic) Inocêncio Galvão de Queiroz, que realizou na vida o ideal democrático de soldado-cidadão”.
Hoje, uma das pontes de Valença, sobre o rio Una, leva seu nome. Na foto em destaque (acima), a ponte na década de 1950 (inaugurada em 1952) quando ainda levantava uma parte para a passagem de embarcações. Abaixo, a ponte hoje.
P.S.: Agradecemos a contribuição de Murilo Galvão de Queiroz, bisneto de Inocêncio, que nos mandou a obra com os dados de nosso biografado.
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