De navio de Norte a Sul
Desde sua infância, passando pela adolescência até a faculdade, Alexandre Queiroz morou em diversas cidades: Cachoeira/BA, Teresina/PI, Belém/PA, Porto Velho/RO, Blumenau/SC, Teófilo Otoni/MG, Salvador/BA. Isso porque seu pai, Enéas, era engenheiro-chefe da Fiscalização Federal das Estradas de Ferro, então era transferido para cá e para lá, onde quer que houvesse uma importante ferrovia sendo construída.
Em Salvador/Ba, cidade em que cursou a faculdade de direito, Alexandre morou com o avô paterno e depois numa pensão. À época seu pai morava em Laguna/SC, onde Alexandre sempre passava as férias.
Todas essas viagens, de Norte a Sul do país, eram feitas de navio! Trajetos que hoje são feitos de avião em poucas horas levavam dias! Sobre as viagens, Alexandre comentou certa vez:
“A viagem de navio, para mim, é a melhor de todas elas. De Salvador para Itajaí ou
Florianópolis levava 15 dias. Naturalmente para quem enjoa é horrível. Mas mesmo
as pessoas que enjoam, é só no primeiro ou segundo dia. Depois se acostumam. Eu
fiz muitas dessas viagens no “Aspirante Nascimento”, da Bahia para Santa Catarina.
Os maiores navios paravam em São Francisco do Sul, os médios em Itajaí, e só os
pequenos é que paravam em Florianópolis.”
Ele sabia aproveitar bem o que o navio tinha de bom:
“Desde jovem, sempre gostei muito de jogar xadrez. Nas viagens eu sempre encontrei parceiros. Lembro que em uma ou duas delas eu fiquei campeão dos torneios e ainda tenho guardado um desses prêmios que ganhei. Nos navios, além dos jogos, todas as noites depois do jantar tinha um pequeno concerto e depois havia dança. Eu gostava muito desses divertimentos em alto-mar, era uma coisa agradabilíssima. À meia-noite em ponto fechava o salão de dança.”
Na foto em destaque e nas demais fotos, o “Aspirante Nascimento”!
Na foto acima, vista do cais do porto de Belém do Pará, em 3 de dezembro de 1929.
E no verso desta, tirada provavelmente quando a família se mudou para Blumenau:
“Vista do paquete “Aspirante Nascimento”, navio do Lloyd Brasileiro, ancorado no trapiche do porto de S. Francisco (Santa Catarina).
Neste navio viajei do Rio de Janeiro a Itajaí no camarote 18.
Fotografia tirada no dia 2 de agosto de 1931, pelo foto-amador Alexandre Muniz de Queiroz.”
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