Alexandre e os parentes
Alexandre parece ter sempre se orgulhado da família a que pertencia. Falava com admiração de vários de seus ascendentes, e mais para frente também de seus descendentes! Dizia: “Eu fui e continuo sendo um homem feliz porque sempre tive bons parentes, avós, filhos”. Mas gostava também de brincar com a questão do parentesco.
Afirmou em 1997, por exemplo, que “um bom vizinho é melhor que um bom parente!(risos) Aprendi na minha infância que quando os filhos são ruins, a pessoa deserda os filhos; quando um parente é ruim, a pessoa afasta o parente; mas quando o vizinho é ruim, você se muda!!!” (mais risos)
Ou ainda que “tem um provérbio antigo que diz que um bom amigo é melhor do que um parente”, frase que usava para destacar amizades importantes.
De todas as suas anotações relativas a este tema, a que mais nos chama a atenção é uma anedota que Alexandre registrou numa espécie de dossiê em que ele guardava recortes de jornais com notícias sobre parentes seus, provavelmente na década de 1930.
Vejam vocês:
“O filho único acabara de participar à família a sua resolução de casar e quem era a sua noiva.
– Quê? É essa rapariga? Mas tem os olhos tortos – notou-lhe a mãe.
– Não possui absolutamente nenhuma elegância – acrescentou a irmã.
– Tem o cabelo ruivo, não tem? – perguntou a tia.
– Parece-me que não há de ser nada sossegada – disse a avó.
– Dinheiro não tem nenhum – lembrou o tio.
– É muito presumida – declarou o primo.
– É uma excêntrica – afirmou a prima.
– Pois sim; mas tem uma qualidade que compensa tudo isso – observou o filho com ar pensativo.
– E qual é? – perguntou a família em coro.
– Não tem parente nenhum…”
🙂
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