Ecologia e Fé
Por Alexandre Muniz de Queiroz
(coluna publicada no Joaçaba-Jornal de 17/2/1979)
Quando ainda éramos professor de Sociologia (atualmente apenas o somos de Estudos Brasileiros), costumávamos dizer em aula que das ciências modernas três são fundamentais: a Cibernética, ou das máquinas, incluída a eletrônica, sem o controle das quais o Mundo perecerá; a Demografia, que trata da população, inclusive do controle da natalidade, sem o qual o Mundo também perecerá; e a Ecologia, ou ciência do meio ambiente e suas relações, sem o estudo da qual o Mundo igualmente perecerá.
Hoje gostaríamos de falar um pouco desta última.
Mas, ao invés de fazê-lo doutoralmente, vamos nos limitar a alguns fatos ocorridos aqui mesmo em Joaçaba, porque, inclusive, quem quiser ser lido, que seja breve!
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Quando aqui chegamos, no dia 27 de abril de 1947, conduzidos pelos senhores Francisco Santini e Guerino Dalcanalli, já com quatro filhos, e depois mais três, fomos morar naquela casa, a quarta de material da cidade e que já foi nossa, à Avenida Rio Branco nr. 52, à margem esquerda do rio do Tigre.
Ali, no fundo do nosso quintal, ainda não murado, existia uma espécie de “prainha”, e nele, no às vezes impetuoso rio do Tigre, de águas puras e claras, ainda não poluídas, nossos filhos mais velhos – Perpétua, Diomário, Enéas e Lafaiete – tomavam banho e também pescavam!
Mas isso já faz “tanto tempo”, que nem é bom recordar…
– Mas “tanto tempo” assim?
– Não; apenas 30 anos!!!
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Depois… esteve por aqui, numa passagem relâmpago, mas profundamente marcante, ilustre sacerdote, Frei Paulo, por algum tempo Vigário da Paróquia.
Espírito lúcido e brilhante, mas de compleição franzina, tez pálida e quase parecendo um famélico, era todavia um prazer ouvi-lo no púlpito, nos cursos que promoveu e até mesmo nas pequenas rodas de amigos.
Ouvi-lo era dar vontade de bater palmas!
Um dia, porém, como está acontecendo agora, deu seca na Cidade e em toda a Região. Quase um “flagelo”.
Pra quem apelar, senão a Deus, através de seu Vigário?
Mas este foi infeliz, sumamente infeliz.
Aos que foram pedir licença para fazer uma procissão, recusou, dizendo: “Deus não faz milagres; deixem os homens de depredar as florestas e as chuvas voltarão”.
Dura e terrível advertência!
Talvez verdadeira na boca de um sociólogo, que ele o era primoroso, mas que jamais devera ser pronunciada por um sacerdote e Vigário de sua Paróquia.
Não foi feita a procissão, nada se fez em favor da Natureza e mesmo assim as chuvas voltaram a cair…
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