Entre mulheres

Há algumas semanas publicamos um post falando das três priminhas com sua tia-avó Yayá.

O post de hoje exibe uma carta escrita por Yayá para Dulce, esposa de Alexandre Queiroz, no dia 17 de julho de 1946.

Como tudo o que se publica neste blog, a carta espelha sinais de um tempo –  tempo em que os assuntos das mulheres se limitavam geralmente às crianças, às coisas da casa, aos parentes queridos; em que o mundo feminino se preenchia com ser chamada de avó por uma sobrinha-neta, com reencontros familiares, com o recebimento de notícias.

Mudou muito de lá pra cá?

Estimada Dulce,

 

Terei grande satisfação se ao receber esta você com Xande e os meninos estão gozando saúde.

Primeiramente lhe peço desculpa da grande demora em responder a sua delicada cartinha e ao mesmo tempo agradecer-lhe os parabéns.

Aqui eu e todos vamos passando sem novidade, graças a Deus somente estamos mais velhas, porém isto é natural. Fiquei muito satisfeita por ter notícias de vocês, senti você já estar novamente esperando outra criança, com os outros ainda tão pequenos٭, mas como Deus é quem manda tudo, ele mesmo dará todo o jeito. Tenho fé em Nossa Senhora que lá em Santa Catarina você terá com muita felicidade٭٭.

Estamos esperando Yvonne que José vem fazer um trabalho aqui na oficina em que ele é empregado. Estou muito satisfeita com a esperança de ver as meninas, especialmente a minha Beatriz, só esta que escolheu para me chamar de vovó sem ninguém ensinar.

Os de Ana٭٭٭ estão bons. Sonia agora está gordinha, Antonio e Leda crescidos, o Benedito é gordo e esperto, Lia e Gaio estão crescidos, Lia está menos gorda.

Yvonne já está gostando de Santarem, Didi melhor, Rosa está há oito meses na terra dela, em passeio.

Receba abraços de Ana, Cota e todos. Abraço em Xande, beijos nos meninos por mim, para você um apertado abraço com saudades da tia e amiga sempre às ordens,

Yayá

 

٭ Dulce e Alexandre já tinham os filhos Perpétua, Diomário e Enéas, e agora esperavam Lafaiete.

٭٭Os três primeiros filhos do casal nasceram na Bahia, mas para dar à luz o quarto filho, embora ainda morando em Itambé/BA, Dulce veio a Tubarão/SC, na casa de sua mãe.

٭٭٭Ana era filha de tio Tidinho, casada com Bernardo, filho de tio Totônio.