Mistério nas cartas entre os primos
Entre as muitas cartas enviadas a Alexandre que temos em nosso inventário, há aquelas escritas pelos primos. No post de hoje, destacamos as cartas de Evangelina, nascida em 18/6/1906, filha mais velha da estimada tia Coletta, que teve capítulo especial no livro e de quem falaremos mais adiante, em outro post.
Nessas duas cartas, escritas num intervalo de 10 dias no ano de 1939, desponta a boa relação entre os primos, marcada pela honestidade nas palavras, pela intimidade, pela gratidão.
Para nós, leitores das cartas 77 anos depois, fica espaço para a curiosidade, a criatividade e a imaginação, já que os acontecimentos por trás das palavras não estão explicados!
Por que os bombons doces, que ela agradece tanto, fazem Evangelina lembrar de “uma pessoa obscura”?
O que terá dito ela que possa ter soado grosseiro e que Alexandre não esquece?
Por que Evangelina afirma de modo poético que não era feliz?
O que pedia Angelina nas suas orações por Alexandre (em 1939 Alexandre estudava direito em Salvador/BA, trabalhava como escriturário no Tribunal de Apelação, e tinha conhecido Dulce, sua futura esposa, em Santa Catarina, uns meses antes)?
Tem algum palpite? Escreve nos comentários pra gente, vai!
Segue abaixo a transcrição do texto das cartas.
Em 2/7/1939:
Alexandre:
Estimo que tenha passado um S. João na paz de Deus, com saúde e felicidade juntamente às queridas e boas primas, a quem estimo.
Estou aqui finalmente para agradecer-lhe sinceramente o seu delicado bilhete de parabéns, pela passagem do dia 18 de junho.
Recebi os bombons também, muito obrigada, estavam ótimos e muito doce!
Francamente, Alexandre, gostei muito não só por serem doce, como porque ali estava claro: lembrou-se da Didú!… Esta pessoa obscura que a cada momento vai se apagando da existência…
Realmente, o coração, este continua ainda jovem, maldizendo tão somente o peso da vida, e os poucos momentos de felicidade!… Em todo caso, é muito melhor não se ter experimentado nunca a felicidade do que gozá-la e depois perdê-la… Não acha?
Você não esquece aquilo que eu disse uma vez, e por vezes penso que tivesse sido um tanto indiscreta. Talvez lhe parecesse um tanto grosseira, não?
Fico aqui mais uma vez muito agradecida.
Com um abraço de estima a prima
Evangelina
***
Em 12/7/1939:
Alexandre:
Saúde.
Recebi sua carta de parabéns e já mandei para aí o agradecimento. Agradeço sinceramente as lembranças de Dulce, peço transmitir as minhas.
Faço esta para dizer – ou melhor – responder-lhe que ainda continuo rezando por você, conforme promessa minha. Não esqueci ainda não, e quando nós fazemos uma qualquer coisa de coração sem nenhum outro interesse, nunca se esquece!
Que acha?
Dei suas lembranças a Jana e Basilio, ambos riram agadecendo.
Sem mais, desejo-lhe felicidades. Peço dizer a Yvonne que quando estiver casando chame por mim, ouviu? Não ria de mim não, ouviu, estou lhe vendo de cá!
Adeus, com um sincero abraço da prima
Evangelina
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